Entrevista de Cláudio Haddad: cartas dos leitores

Cartas publicadas na seção do leitor da revista Veja, sobre a entrevista do economista Cláudio Haddad (edição de 14.05.2014).

Com magistral segurança e repleto de dados objetivos, o doutor em economia Claudio Haddad denunciou o cerne do projeto de poder do PT: a atuação na consciência das pessoas como parte de sua preparação para o regime pregado por Antonio Gramsci (1891-1937), que recomendava a chegada ao comunismo não pela força, mas por meio da persuação e da destruição das verdades no seio da juventude (“O objetivo é doutrinar”, Entrevista, 7 de maio). Cumprimento-o pela lucidez.

José Pastore

Professor da Universidade de São Paulo

São Paulo, SP


É assustadora a constatação de que nada mudou nas universidades brasileiras. Durante os anos 1992 a 1996 fui alunoa da faculdade de pedagogia de conceituada universidade em Minas Gerais. Ao ler a entrevista de Claudio Haddad me vi de volta às salas de aula. O discurso era exatamente o mesmo que se percebe nas questões do Enade, citadas por Haddad. Um caldo ideológico perpassava todo e qualquer conteúdo. Em vez de produção de conhecimento, o que havia era imposição ideológica. Ou se repete o discurso ou se é reprovado. Assim me parecia. Muitos nadavam de braçada naquele caldo e se candidatavam a professores na instituição. Decorávamos certas expressões, tais como “opção pelo social”, “direito de cidadania”, “consciência ética”. De fato, textos curtos e apostilados constituíam a colcha de retalhos na qual todas as disciplinas se aconchegavam desde muito antes. É, de fato, desolador saber que tudo continua o mesmo.

Helena Maria Ribeiro

Belo Horizonte, MG

A entrevista com o doutor em economia Claudio Haddad, sobre a ideologização do ensino, expõe a absurda deformação do projeto pedagógico brasileiro, cujo conteúdo mais confunde do que orienta. A lucidez do doutor Haddad mostra que o atual formato didático exclui a prática política, enquanto manifestação legítima da sociedade, e a substitui pela doutrinação pura e simples. Compartilho sua interpretação por observar que o ambiente acadêmico está poluído pelo radicalismo ideológico, que, distorcendo os fatos, pretende reescrever a história.

Auler José Matias

São Paulo, SP

Brilhante e oportuna a entrevista com Claudio Haddad. Para além dos efeitos deletérios na educação nacional, a doutrinação ideológica nas escolas explica a razão de a teoria marxista encontrar tantos adeptos no Brasil: ela sacrifica a meritocracia, justifica a vagabundagem e a preguiça intelectual e ainda transforma vagabundos em vítimas de uma suposta “injustiça social”.

José Alberto Caliani

São Paulo (SP), via tablet

O objetivo dos exames nacionais (Enem e Enade) é controlar a retenção de idiotias e cacoetes discursivos de esquerda. Doutrinação é coisa do passado, sofisticada demais. A meta agora é idiotizar.

Nelson Alves de Souza Filho

Quebec (QC), Canadá

O Enade é o controle de qualidade do grande empreendimento ideológico em que se transformou a educação no Brasil. Para reverter esse quadro é preciso conscientizar os estudantes do direito que eles têm de não ser doutrinados por seus professores. Por isso, temos defendido a afixação em todas as salas de aula de cartazes com os seguintes “Deveres do Professor”: 1) o Professor não abusará da inexperiência, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para esta ou aquela corrente político-partidária, nem adotará livros didáticos que tenham esse objetivo; 2) o Professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, religiosas, ou da falta delas; 3) o Professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas. 4) Ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito. 5) O Professor deverá abster-se de introduzir, em disciplina obrigatória, conteúdos que possam estar em conflito com as convicções religiosas ou morais dos estudantes ou de seus pais.

Miguel Nagib

Advogado e coordenador do

www.escolasempartido.org

Brasília, DF

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