Vereadores de Goiânia, destemidamente, manifestam-se contra shopping center

 

Por Orley José da Silva

Circulam nas redes sociais fotografias de vereadores de Goiânia, com assessores, manifestando-se ao ar livre contra o aumento nos preços do estacionamento de um grande Shopping Center da cidade. Não faltaram discursos, palavras de ordem, faixas, cartazes, poses para fotografia e megafone. Eles tomaram as dores de uma parcela da sociedade que possui carro e gasta naquela praça de comércio uma parte do seu dinheiro em compras, entretenimento e serviços.

Tomara que o gesto aguerrido desses parlamentares que saem às ruas em protesto contagie seus pares e juntos encampem outras causas de apelo social. A título de contribuição, sugiro-lhes, inclusive, iguais manifestações públicas por três bandeiras de luta que também merecem apoio político qualificado. A primeira, em defesa da parte não motorizada e menos endinheirada da sociedade que sofre com a estupidez, a desumanidade, a ganância e o descaso das empresas do transporte coletivo. Os vereadores bem que poderiam lutar pela quebra do “cartel dos ônibus” até que seja realizada uma concessão pública democrática, boa e justa para o povo e a cidade.

A segunda, uma ação piedosa em favor de quem depende do transporte coletivo para chegar cedo a Brasília. Há quem mesmo residindo em Goiânia, trabalhe, estude, negocie e embarque em voos no Distrito Federal. Essa gente não conta com a boa vontade da empresa detentora do monopólio para o transporte de passageiros de Goiânia para Brasília. A empresa não oferece viagens a partir de 00h até 6h, obrigando quem precisa viajar à sujeitar-se aos riscos do transporte clandestino de passageiros que lhes é oferecido no interior e nas imediações do Terminal Rodoviário.

A terceira, o compadecimento pelos alunos que estudam nas escolas do município em virtude do arroubo ideológico do Ministério da Educação em alguns livros didáticos/2014. O MEC trai as famílias que confiam na parceria constitucional com o Estado para a educação dos seus filhos. Isto porque, em nome de um projeto de poder, atrelado a uma vontade de revolução cultural de inspiração gramsciana, esses livros promovem o doutrinamento político, ideológico e de costumes. Ao desconstruir e substituir valores e crenças arraigados na sociedade, deliberadamente, esses livros ferem a crença, a moral, a filiação política e ideológica das famílias dos alunos.

Acontece que o gemido angustiado da massa que compacta os ônibus do transporte coletivo, de tão abafado, não tem penetrado os ouvidos que estão moucos. Mesmo que sejam ouvidos legitimados como seus representantes. Já as famílias que não podem escolher a escola, os livros e o método de ensino para os filhos, tornam-se passivas do ensino público e das experiências de laboratório social e ideológico do MEC. Mas as imagens dos vereadores em manifestação pública contra um tipo de exploração, foram animadoras. Isto mostra que nem tudo está perdido no mundo político. É bem provável que as causas sociais que inquietam o povo de Goiânia passem a receber atenção e comprometimento mais corajosos e incondicionais dos seus legisladores.

(Orley José da Silva, professor, mestre – Letras e Linguística/UFG, mestrando – Ministério/SPRBC)

 

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