Escola sem partido?

O artigo  abaixo foi escrito pelo saudoso Prof. Nelson Lehmann da Silva, pioneiro na luta contra a doutrinação ideológica nas escolas, grande incentivador do EscolasemPartido.org.

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Devemos reagir ante a sistemática doutrinação político-partidária a que são submetidos nossos alunos, particularmente os de nível secundário. A maioria dos professores hoje se arroga o direito de manipular as mentes ainda sem opinião formada, num oportunismo ilegítimo e ilegal, mais como militantes partidários do que mestres formadores do cidadão democrático. Concordes com isso deveremos porém delinear certas balizas nessa questão:

 

1-Rejeitamos o usual argumento de que seria impossível transmitir uma mensagem neutra e objetiva num curso de Ciências Humanas. Qualquer docente maximizaria ou minimizaria interpretação de acordo com sua própria opção ideológica. Nossa posição é de que uma escola democrática deve ser pluralista. Apresentar todo o espectro ideológico disponível, todos os prós e contras de qualquer teoria sócio-politica, favorecer o livre debate entre representantes dos diferentes partidos e confissões. Incentivar o descontraído embate das idéias, com respeito e tolerância, preparando os jovens para a participação e a convivência democráticas.

2-Desde que a escola seja privada e confessional, ou seja, declare publicamente sua posição ideológica, terá o direito de priorizar tal ou qual filosofia de vida ou crença. Assim uma escola muçulmana terá plena liberdade de ensinar o Corão, como uma católica formará o fiel católico, e do mesmo modo a budista, a marxista, a agnóstica, etc.

Inadmissível porém é a Escola Pública, mantida por recursos públicos, servir de instrumento para propaganda confessional ou partidária.

Seja respeitada inclusive a cultura tradicional em que a escola esteja inserida. A proibição de símbolos culturais-religiosos, mesmo em escolas públicas, como recentemente impôs o governo francês, parece extrapolar a devida imparcialidade educativa.

O que se observa na escola brasileira hoje é no mínimo paradoxal. Enquanto se propõe o ensino de religião nas escolas públicas, nas caras escolas particulares da elite o marxismo é ensinado como A Ciência.

As observações acima devem ser feitas. A Escola, como o livro ou o jornal, pode ser partidária ou confessional. Desde que declare tal opção pública e indubitavelmente.

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