Dois exemplos de manipulação e um de respeito à autonomia dos alunos

A partir das avaliações que seguem, é possível traçar dois perfis de professor: o que usa suas aulas para tentar incutir suas próprias ideias na mente dos alunos, e o que está preocupado em transmitir conhecimento aos estudantes.

👆 PROVA DE SOCIOLOGIA

👇 PROVA DE HISTÓRIA

👇 PROVA DE GEOGRAFIA

COMENTÁRIOS DO ESP

A primeira prova, de Sociologia, é um exemplo de manipulação e desonestidade intelectual. A partir de uma ilustração que demoniza os patrões, apresentando-os como algozes dos seus empregados, colocando todos os empregadores no mesmo saco, sem dar a eles nenhuma chance de defesa, o professor pergunta cinicamente aos alunos: “O que a imagem diz sobre as relações de empregados e patrões? Você concorda com ela? Por que?”

Ora, o que é que os alunos poderiam responder? É óbvio que, sem dispor de nenhum elemento capaz relativizar a crueldade da cena, os alunos tenderão a manifestar sua concordância com a “critica social” contida na imagem. E, uma vez que eles expressem publicamente a mesma crítica, é meio caminho andado para que eles passem a defender esse ponto de vista como se fosse seu.

A segunda prova, de História, apresenta dois textos e um vídeo. O primeiro texto ‒ que foi extraído do site Aventuras da História, mas, salvo engano, não tem nada a ver com o historiador Jacques Le Goff ‒ apresenta um relato factual, histórico, sobre a Peste Negra, na Alta Idade Média. Na sequência, cinco perguntas relacionadas ao texto. Até aí, tudo certo. Agora começa a desonestidade e a manipulação.

No segundo texto, o professor oferece aos alunos um artigo de opinião que compara os efeitos da pandemia do Covid-19 no Brasil à Peste Negra na Europa, especula sobre o avanço da doença no país “nas próximas semanas” (lembrando que se trata de uma aula de História…), e identifica os culpados por toda essa possível tragédia: o Presidente Jair Bolsonaro ‒ chamado de Bullshitter ‒ e a suposta hostilidade do bolsonarismo (isto é, dos apoiadores de Bolsonaro) à Ciência.

Na sequência, os alunos devem assistir ao vídeo no qual o Prof. Alberto Saa, do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Unicamp, discorre, de forma correta e equilibrada, sobre atitudes negacionistas em relação à Ciência (https://www.youtube.com/watch?v=9VOlv3JgzbY). O objetivo do vídeo, no contexto da avaliação, é evidente: conferir respaldo científico aos ataques contidos no segundo texto.

É realmente abjeto. A desonestidade e a covardia saltam aos olhos. Um professor deveria sentir vergonha de submeter seus alunos a esse tipo de manipulação.

Por fim, a terceira prova, de Geografia. Vemos aqui um exemplo de respeito à autonomia dos alunos. Não há da parte do professor interesse outro que não seja o de avaliar se o conhecimento transmitido sobre a temática da pandemia do Coronavírus foi devidamente assimilado pelos estudantes.

O Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot fica em Porto Alegre-RS.

This Post Has One Comment

  1. Marcelo Carvalho

    Os pais dos alunos deveriam se reunir e cobrar a demissão dos docentes por exporem uma visão desequilibrada dos fatos com clara motivação de fazer oposição ao governo. Lamentável.

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