A glamorização de um terrorista

O texto a seguir foi publicado no site www.brasilescola.com. Leia ao final comentários e mensagens enviadas ao site Brasil Escola e reenviadas ao ESP.

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Marighella: o mentor das ações guerrilheiras empreendidas pela Ação Libertadora Nacional.

Carlos Marighella

Um sujeito que viveu a repressão dos regimes autoritários. Essa poderia ser a primeira impressão constatada ao visualizarmos a trajetória do baiano Carlos Marighella. Nascido em 1911, na cidade de Salvador, esse famoso militante político teve a oportunidade de vivenciar o autoritarismo do Estado Novo (1937-1945) e, décadas mais tarde, assistir o golpe que instalou a ditadura militar no Brasil no ano de 1964.

Sua trajetória política aconteceu nos primeiros anos do governo provisório de Getúlio Vargas, quando participou de algumas manifestações que exigiam a reorganização do cenário político nacional com a elaboração de uma nova Carta Constituinte. Durante os protestos acabou sendo preso pelas autoridades e, com isso, começou a enxergar com importância maior a sua atuação política mediante os problemas sociais e econômicos vividos naquele período.

No ano de 1936, decidiu abandonar seus estudos de Engenharia Civil e se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), que na época era dirigido por figuras históricas como Astrojildo Pereira e Luís Carlos Prestes. Sua chegada ao partido se deu em uma época bastante complicada, pois, um ano antes, os dirigentes comunistas haviam tentado derrubar Getúlio Vargas com a deflagração da Intentona Comunista. Mais uma vez, Marighella fora alvo das forças repressoras do Estado.

Já na primeira detenção conheceu os métodos escusos com que as forças policiais da época agiam contra os inimigos do regime. Carlos foi brutalmente espancado e sofreu várias torturas ao longo de um mês. Saindo da cadeia um ano depois, prosseguiu em sua luta política buscando aumentar os militantes do ideário comunista. Em 1939, foi mais uma vez preso e torturado, sofreu novas sessões de tortura para que delatasse as atividades de seu partido.

Somente com a queda do Estado Novo, em 1945, Carlos Marighella saiu da prisão para viver uma nova fase de sua luta política. Naquele ano, venceu as eleições como um dos mais bem votados deputados federais da época. No entanto, seguindo instruções políticas do governo norte-americano, o governo Dutra realizou a cassação de todos os políticos que estivessem filiados a partidos de inspiração comunista.

Dessa forma, impedido de atuar pelos meios legais, Marighella continuou a buscar apoio político entre trabalhadores e estudantes. No ano de 1959, o triunfo da Revolução Cubana e a falta de uma ação transformadora pelo PCB levaram o apaixonado idealista a questionar sobre a possibilidade de uma revolução popular armada capaz de transformar o cenário político nacional. Com o estouro da Ditadura Militar, foi mais uma vez perseguido pelas forças policias.

Já no primeiro ano da ditadura, entrou em confronto direto com o regime ao trocar tiros com a polícia e bradar a favor do comunismo. Novamente encarcerado, aproveitou o tempo de reclusão para produzir “Por que resisti à prisão”, obra onde explicava a necessidade de se organizar um movimento armado em oposição aos sombrios tempos da repressão.

No ano de 1967, mais uma vez liberto, resolveu romper com o marasmo dos comunistas para formar com outros companheiros dissidentes a Ação Libertadora Nacional. Essa organização clandestina teria como principal objetivo treinar grupos guerrilheiros com o objetivo de formar um expressivo movimento armado urbano. Após treinar os guerrilheiros na zona rural, o segundo objetivo era arrecadar meio milhão de dólares com a realização de uma série de assaltos a banco na cidade de São Paulo.

Na primeira ação, conseguiu pilhar 10 mil dólares de uma instituição bancária da época. Contudo, a penosa missão de manter esse grupo sob a onipresente repressão militar foi se tornando cada vez mais difícil, principalmente, pela falta de preparo de seus comandados. No ano de 1968, um militante capturado por policias confirmou Carlos Marighella com um dos articuladores daquela onda de assaltos.

Logo de imediato, os meios de comunicação subservientes aos interesses do regime militar distorceram toda a trajetória de lutas de Marighella, descrevendo-o como um “líder terrorista”. No final de 1968, o cerco em torno de Carlos piorou com a publicação do AI-5. No ano seguinte, o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick reforçou a perseguição sobre todos aqueles que representassem uma ameaça à ordem imposta.

No dia 4 de novembro de 1969, em uma ação planejada pela Delegacia de Ordem Política e Social, Carlos Marighella foi morto na cidade de São Paulo, aos 57 anos de idade. Sua morte representou um dos mais incisivos golpes contra os setores radicas da esquerda nacional e contribuiu para que a Ditadura Militar alcançasse sua própria estabilidade. Somente com a crise do regime, no final da década de 1970, a imagem desse ativista foi redimida como um dos símbolos contra a repressão política no Brasil.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

http://www.brasilescola.com/historia/carlos-marighella.htm

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COMENTÁRIOS E MENSAGENS ENVIADAS PARA O SITE BRASIL ESCOLA E REENCAMINHADAS AO ESP:

O texto é péssimo porque passa uma visão distorcida da história no esforço de mitificar Marighella. É absolutamente verdadeiro dizer que ele foi um líder terrorista, já que roubava e matava com fins políticos. Mas o texto afirma que a qualificação de terrorista é caluniosa mesmo admitindo que Marighella articulou uma “onda de assaltos” com o fim de financiar ações armadas! E o texto ainda tira proveito da inegável truculência do regime militar para fazer crer que a ALN lutava por liberdade. Nada disso! Os comunistas da época usavam Mao Tsé-Tung e e Fidel Castro como referências teóricas e estratégicas, de modo que o seu objetivo era trocar uma ditadura capitalista por uma ditadura comunista. Como diz Leandro Narloch, no Guia politicamente incorreto da história do Brasil (Leya, 2009): “Os cubanos não só se prostituem para comprar sabonetes como aprendem na escola que amor é o que Fidel Castro sente pelo povo. A China vigia a internet, prende blogueiros indesejáveis e censura até mesmo informações de saúde pública, sobre epidemias e infecções em massa. Como não houve socialismo no Brasil, nunca saberemos como teria sido o sistema por aqui. Mas podemos imaginar. Tendo como base todas as experiências comunistas, é razoável pensar que a Amazônia seria uma enorme prisão onde aliados incômodos e inimigos do regime fariam trabalho forçado, como o gulag soviético. Estudantes arrastariam seus professores para fora da sala de aula e os linchariam, por acharem que eles representavam a velha cultura, como aconteceu durante a Revolução Cultural da China. Em episódios semelhantes às mortes nas praias cubanas, cidadãos seriam executados depois de flagrados tentando fugir para o Paraguai. Na pior das hipóteses, 21% da população seria exterminada, como fez o Khmer Vermelho no Camboja. Na melhor, burocratas trocariam cargos por sexo e mais de 1% da população seria de espiões, como na Alemanha Oriental” (p. 277). 

Luís Lopes Diniz Filho (Curitiba-PR)
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Vocês não têm vergonha de promover um terrorista? Por que não falam dos crimes de Carlos Marighella? Por que não dizem que seu objetivo era implantar no país uma ditadura comunista? Por que vocês têm tanto desprezo pela verdade? Vocês são uns mitômanos!

PS – Pra quem não sabe, o “santo” Marighella é autor do asqueroso Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano

Miguel Nagib (Brasília-DF)

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Novamente, pura mistificação do site:

“As operações e ações que demanda a preparação técnica do guerrilheiro urbano não podem ser executadas por alguém que carece de destrezas técnicas. Com estas precauções, os modelos de ação que o guerrilheiro urbano pode realizar são os seguintes:

a. assaltos

b. invasões

c. ocupações

d. emboscadas

e. táticas de rua

f. greves e interrupções de trabalho

g. deserções, desvios, tomas, expropriações de armas, munições e explosivos

h. libertação de prisioneiros

i. execuções

j. seqüestros

l. sabotagem

m. terrorismo

n. propaganda armada

o. guerra de nervos

Assaltos

Sobre os Tipos e Natureza de Modelos de Ação para os Guerrilheiros Urbanos

Do Manual do geurreilheiro urbano do “apaixonado idealista” Carlos Marighella.

Elpídio Mário Dantas Fonseca

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Ao que parece, a graduação em História, em algumas universidades brasileiras, virou curso de ideologia. Depois de o EscolaKids ter feito uma hagiografia do “caridoso médico” Che Guevara– oportunamente retirada da internet -, agora é a vez do Brasil Escola (do mesmo grupo) santificar o terrorista e assaltante Carlos Marighela, que pretendia transformar o país numa ditadura comunista. Pobres crianças!

Orlando Tambosi –http://otambosi.blogspot.com/2011/03/historia-e-mera-ideologia.html

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“Tu estas fazendo um enquadramento da memória de Marighella, ou seja, mostrando apenas uma parte que te convém, e, ainda, ameniza os INÚMEROS CRIMES do mesmo como se (pseudo)boas intenções estivessem acima das leis que regem a sociedade. Tu não ensinas História, tu fazes doutrinação político-ideológica! MARIGHELLA É TERRORISTA!!!”

Adriano Avello (Itaara-RS)

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“Devemos considerar que esse site deveria ser apartidário e direcionado para crianças (kids). Sendo assim, o “ARME-SE e LIBERTE-SE” seria um dístico apropriado? Vocês são a favor do armamento da população e da solução “a bala” do terrorista?  Abandonar a faculdade é exemplo apropriado para o leitor-mirim do “Escola Kids”? Vocês consideram que a figura de Carlos Marighella deveria ser um símbolo para as crianças em formação? Qual a diferença dele para um marginal como Escadinha? Ou um terrorista do Al-Qaeda? Ou do IRA? Todos não lutam por um “ideal” ? Todos já não mataram ou roubaram? Vocês tem filhos? Vocês deixariam eles aprenderem neste site de vocês? Existe alguém responsável pela análise prévia destes textos panfletários? Liberdade de expressão não deve ser confundida com liberdade de mentir e distorcer fatos. Tenham cuidado quando se trata de crianças em formação. Não cabe aqui discutir pontos de vistas políticos mas apresentar os fatos em TODAS as suas versões.”

Pedro Afonso

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